Olhar Por Braga!

2006-05-17

U.M. COM MBA EM PROPAGANDA

Nestes últimos dias veio a público a notícia de que a IBM ia criar 1000 (sim, mil!) novos empregos em Braga, essencialmente para recém licenciados na área da contabilidade, economia e gestão. A perspectiva era excelente, diga-se.
Acontece que quando a esmola é grande, o pobre desconfia. Assim, sem mais nem menos, sem que alguém tivesse feito algo “pela vida” (bracarense) caía ‘do céu aos trambolhões’ uma oportunidade que, para além de desencalhar um elefante branco como o imponente edifício da novel estação da CP, ajudava a resolver em grande parte o problema de desemprego numa faixa específica e significativa deste concelho.
Poucos dias depois o inevitável e indesejável desmentido da própria empresa – afinal a expectativa tinha sido empolada dez vezes mais – a ideia é empregar para já 40 pessoas que no limite, e a correr tudo bem, esse número chegará a 100 (cem… não, não é engano nos zeros). Nada mau, diz qualquer um de nós.

Mas afinal quem esteve na origem deste “mal entendido”? Não foi o Presidente da Câmara ávido de mostrar serviço (só se colou discretamente à ideia ‘congratulando-se com a revelação’ até ver no que dava…), nem o diligente líder da oposição municipal (que “só” tentou secar os eventuais – e, digo eu, injustos – proveitos de quem. no poder, se ia colando apressadamente…), foi isso sim o “experiente” Director do centro de emprego de Braga que, qual aprendiz do mestre de “propaganda socrática”, ainda não tinha tido no seu mandato uma oportunidade de brilhar mostrando todo o seu conhecimento académico e estratégico (“estive desde a primeira hora na discussão e na negociação”), ‘made in Universidade do Minho’, e prestar um “serviço” a Braga e ao poder instalado, igual ao que Manuel Pinho ou José Sócrates prestam ao país – muita propaganda, muitos projectos (a nova refinaria para Sines, a Portucel, a Douro Marinotel, etc., etc.) que logo começam a desmoronar-se.
Em vez de trazer confiança à economia portuguesa está a ter o efeito contrário! Como S. Tomé, já só se acredita depois de ver obra feita!

Ninguém percebeu, de facto, como é difundida uma notícia daquelas. Com os galões devidamente atribuídos àquela estrutura do estado (Menezes Bem Ajuda, mas...) depois do desmentido da empresa não haver coragem de explicar o erro(?), torna tudo mais dramático. Tentar mostrar serviço para garantir o lugar não me parece razoável, propaganda gratuita para "animar a malta” é irresponsabilidade e também está visto que não resulta. O pessimismo aumenta e os números dos dois últimos anos invertem a tendência e transformam aquela estrutura do IEFP num verdadeiro “centro de desemprego”.
Será um problema de conjuntura, do sistema, ou de pessoas? Por ventura um bocado de tudo!
HdA