Olhar Por Braga!

2008-03-28

O PADRINHO

Uma notícia recente (DM, 17-03-2008) de uma visita dos vereadores da oposição à freguesia de Nogueiró com a chamada de atenção para um projecto de construção “encalhado” na sede do município, e dois dias depois (DM, 19-03-2008) uma outra, aparentemente despropositada (porque nem sequer “era notícia”), do Presidente da Junta esclarecendo que não tinha qualquer razão de queixa do Presidente do Município “pedindo encarecidamente” que não houvesse outra interpretação dos factos, apesar de logo a seguir o assunto voltar aos jornais porque dos paços do concelho a voz do Vice disse ‘nunca’ e o Presidente disse ‘porque não?’, logo deu para perceber que o “esclarecimento” do Presidente da Junta só serviu para ‘salvar outra coisa qualquer’ porque o Homem estava mesmo preocupado com aquele assunto.

Um cidadão minimamente atento ao jogo político no município de Braga, vai registando, há alguns anos, um vai e vem de propostas da oposição e do sistemático “chumbo” da maioria. Sem querer aqui discutir o mérito das mesmas, é por demais evidente que numa democracia adulta e civilizada não é normal que nada tenha proveito. E tanto é verdade, que é comum, um par de anos depois, algumas propostas virem à praça, muitas vezes sem qualquer disfarce embora nem sempre bem elaboradas ou estudadas – como diz a oposição, com algum sentido de humor, “as propostas iniciais não levam manual de instruções”…

Por ventura, não contentes com o “chumbo” e convictos da importância e validade das suas propostas, o frenesim da oposição vai mais longe e espalha-as junto dos ‘actores’, directamente interessados, como foi o caso de maior visibilidade o dos protocolos entre os clubes desportivos e o município para a área da formação. Neste tipo de propostas as vantagens e a clareza das regras são tão evidentes que a resposta espontânea e verdadeira é um ‘sim’ rotundo, é um abrir de braços e vontade de agarrar a fórmula com todas as suas forças, como uma criança quando recebe a prenda mais desejada… Incautos? Não, felizes!

Só que a felicidade – sistematicamente, nestes casos – dura apenas horas, pois eis que então, alguém logo lhes “puxa as orelhas”, ordens do ‘Padrinho’ na primeira pessoa ou pelo diligente gabinete de comunicação, quer com abaixo assinados quer com chamadas à sede municipal para serem bem dissecadas as regras do jogo (ao estilo ‘Monopoly’ só que de inspiração siciliana) e logo serem portadores de uma minuta de resposta para os meios de comunicação. Os argumentos são tão convincentes que chega a arregimentar Presidentes de Junta eleitos pela oposição (os menos experientes, normalmente), porque isto de fechar o cofre para algumas das obras prometidas, o campo sintético ou a sede ansiada há tantos anos, custa muito, não ao Presidente mas às próprias freguesias. Ao Presidente, à Esposa, ao Tio ou ao Primo, custa quando pode mexer com o empregosinho do familiar nos serviços municipais ou numas “empresas amigas”, e aí as coisas ficam muito ‘feias’ sendo muito difícil colocarmo-nos na pele dos visados. Feio, feio, é fazer política (?) assim, fruto de (para além de outros motivos que agora me escuso de enumerar) tempo a mais no poder. Chega!

HdA