Olhar Por Braga!

2007-05-08

(EX)CITAÇÕES-Citações que excitam qualquer um, particularmente a mim [4]

Uma questão de prioridades!
David Pontes (JN, 06-05-2007)

No meio do turbilhão político em que se tornou a crise de Lisboa, a investigação que motivou tudo isto ficou em segundo plano. Aos partidos que governaram a cidade isso convém. De facto, desta vez, o novelo de suspeita que rodeia o caso em investigação não ocorreu numa qualquer cidade do "país real", com um município mais ou menos obscuro, daqueles com quem a capital tanto gosta de construir o estereótipo do "autarca corrupto". Foi mesmo na capital que foram gravadas as conversas entre o vereador Sá Fernandes e Domingos Névoa, administrador da Bragaparques . É mesmo sobre terrenos do Parque Mayer, ali ao lado da Avenida da Liberdade, que todo este caso se funda. Mas a Bragaparques, como ainda ontem era notícia a propósito do Hospital de São João, tem negócios que merecem a atenção da Justiça. Em Coimbra e em Braga também há relatos de relações entre a empresa e autarquias que têm levantado suspeitas. É por isso de interesse público que a Justiça não se deixe distrair pelo burburinho político e prossiga as suas investigações de forma resoluta. Até que as eleve a um outro patamar. É verdade que estamos no país que faz directos televisivos quando um jogador sai do hospital após tratamento a uma lesão. Sabemos como as suspeitas sobre a subida de divisão do Gondomar, ou sobre os jogos da equipa do F. C. Porto treinada por José Mourinho, provocam a comoção nacional. Mas o empenho, os recursos que a máquina judicial colocou no caso "Apito Dourado" talvez fossem bem empregues numa investigação profunda às diversas "bragaparques" que pululam pela vida autárquica. Perdoem-me se acho que o modo como se esvai o dinheiro de todos nós é um bocadinho mais importante do que as apaixonantes questões da arbitragem. Mas é tudo uma questão de prioridades. E se é por falta de nomes giros chamem-lhe "operação luvas prateadas"

(EX-)CITAÇÕES-Citações que excitam qualquer um, particularmente a mim [5]



Não me gritem!
Nicolau Santos (Expresso/Economia, 05-05-2007)


Declaração de interesses: não sou fumador. Mas detesto que outros escolham o que é bom para mim. E o que a Lei do Tabaco vem criar, na senda do fundamentalismo americano que atravessou o Atlântico e chegou à Europa, é uma sociedade de delatores e um grupo social de párias. De delatores, porque os cidadãos são incentivados a denunciar aqueles que fumam em espaços onde tal será proibido, se não o fizerem, de moto próprio, os respectivos proprietários. De párias, porque são tratados como um grupo que tem de ser erradicado da sociedade. Não há produto sobre o qual, na Europa e nos Estados Unidos, mais campanhas tenham sido feitas, a explicar os seus malefícios. Haverá muito poucos cidadãos europeus, com mais de 18 anos, que não saibam que o tabaco pode provocar cancro, impotência e outras doenças. Mas, dito isto, deixem-nos exercer o nosso direito a decidir. Deixem-nos escolher se queremos ir a um restaurante onde se pode fumar ou não. Deixem-nos escolher se comemos chouriços e morcelas ou alimentos vegetarianos. Deixem-nos andar a uma velocidade decente nas auto-estradas e não a uns irracionais 120 km/h. Deixem-nos assar sardinhas ao carvão, matar o porco nas aldeias, ir a touradas. Dêem-nos toda a informação. Mas não escolham por nós o que devemos fazer. Só assim teremos uma sociedade responsável e não um grupo de mentecaptos acéfalos, prontos a obedecer sem pensar ao primeiro tiranete que subir ao palco.