Olhar Por Braga!

2006-05-31

SELOS OU CROMOS?...

O negócio do investimento (genericamente) em arte e particularmente nos selos, sofreu um rude golpe neste mês de Maio. Os dados são mais ou menos conhecidos – negócio de risco e especulativo (como a maior parte de qualquer investimento, embora grandes ganhos impliquem maiores riscos), em pirâmide como muitos outros, conhecido de todos (incluindo o estado) embora não regulamentado.
O problema, neste como noutros casos, reside na tentação de ultrapassar os limites do razoável e atingir lucros impossíveis sem recurso à fraude. Consequência? Um negócio que até podia correr bem “estoura” como um balão deixando mal muita gente e bem também alguns… Mas nada disto é virgem, nem “estes” são os únicos ‘mãos da fita’! Acontece, a cada passo, na bolsa (Caldeiras e companhia), na banca, e qualquer dia no próprio estado (está anunciado para a segurança social um “estouro” não está? Apreciem lá as semelhanças…). Tudo isto porquê? Por má gestão, ou gestão danosa.
Lamentável, nisto tudo, é todos fazerem de conta que não sabiam e que nada é com eles. Uma hipocrisia sem limites! Começamos logo pela DECO que ainda este ano respondia a associados seus sobre este negócio sem qualquer reparo ou alerta e agora aparecem como os iluminados na matéria, e podemos acabar no próprio estado que finge não ser nada com eles, dizendo até desconhecer semelhantes negócios. Pelo meio fica a banca que esfrega as mãos de contente por mais um concorrente desaparecer.
Mais uma vez os nossos vizinhos Espanhóis nos dão uma lição – iguais a nós na negligência, mas por ventura por isso mesmo, num acto de grande maturidade o governo assume, sem hesitações, a sua quota parte da responsabilidade! Cá no burgo e em matéria de selos os nossos governantes são uns grandes ‘cromos’! Sim meus amigos, ao fim de duas a três décadas, os nossos governantes dizem desconhecer a existência do Fórum Filatélico e da Afinsa, empresas que estão no mercado com fortes campanhas de marketing (até patrocinam provas de atletismo onde os senhores governantes participam, vestindo as t-shirts com a publicidade à marca), são auditadas e pagam os impostos regularmente, são grandes clientes do estado (p.ex. via CTT).
O estado devia ser uma pessoa de bem e não é. Como pode, pois, exigir que o contribuinte seja, se não dá o exemplo. Como pode deixar de assumir parte da responsabilidade, a exemplo do estado Espanhol? Como pode deixar que se arrastem os acontecimentos, com os trabalhadores dessas empresas presos por contratos e sem receber o seu salário – sem trabalho e sem subsidio de desemprego…- com as empresas a acumularem dívidas por não poderem usar o dinheiro nos compromissos regulares e inadiáveis, tudo a troco de quê? Onde acaba a responsabilidade e começa a irresponsabilidade de cada parte?!
HdA

2006-05-17

U.M. COM MBA EM PROPAGANDA

Nestes últimos dias veio a público a notícia de que a IBM ia criar 1000 (sim, mil!) novos empregos em Braga, essencialmente para recém licenciados na área da contabilidade, economia e gestão. A perspectiva era excelente, diga-se.
Acontece que quando a esmola é grande, o pobre desconfia. Assim, sem mais nem menos, sem que alguém tivesse feito algo “pela vida” (bracarense) caía ‘do céu aos trambolhões’ uma oportunidade que, para além de desencalhar um elefante branco como o imponente edifício da novel estação da CP, ajudava a resolver em grande parte o problema de desemprego numa faixa específica e significativa deste concelho.
Poucos dias depois o inevitável e indesejável desmentido da própria empresa – afinal a expectativa tinha sido empolada dez vezes mais – a ideia é empregar para já 40 pessoas que no limite, e a correr tudo bem, esse número chegará a 100 (cem… não, não é engano nos zeros). Nada mau, diz qualquer um de nós.

Mas afinal quem esteve na origem deste “mal entendido”? Não foi o Presidente da Câmara ávido de mostrar serviço (só se colou discretamente à ideia ‘congratulando-se com a revelação’ até ver no que dava…), nem o diligente líder da oposição municipal (que “só” tentou secar os eventuais – e, digo eu, injustos – proveitos de quem. no poder, se ia colando apressadamente…), foi isso sim o “experiente” Director do centro de emprego de Braga que, qual aprendiz do mestre de “propaganda socrática”, ainda não tinha tido no seu mandato uma oportunidade de brilhar mostrando todo o seu conhecimento académico e estratégico (“estive desde a primeira hora na discussão e na negociação”), ‘made in Universidade do Minho’, e prestar um “serviço” a Braga e ao poder instalado, igual ao que Manuel Pinho ou José Sócrates prestam ao país – muita propaganda, muitos projectos (a nova refinaria para Sines, a Portucel, a Douro Marinotel, etc., etc.) que logo começam a desmoronar-se.
Em vez de trazer confiança à economia portuguesa está a ter o efeito contrário! Como S. Tomé, já só se acredita depois de ver obra feita!

Ninguém percebeu, de facto, como é difundida uma notícia daquelas. Com os galões devidamente atribuídos àquela estrutura do estado (Menezes Bem Ajuda, mas...) depois do desmentido da empresa não haver coragem de explicar o erro(?), torna tudo mais dramático. Tentar mostrar serviço para garantir o lugar não me parece razoável, propaganda gratuita para "animar a malta” é irresponsabilidade e também está visto que não resulta. O pessimismo aumenta e os números dos dois últimos anos invertem a tendência e transformam aquela estrutura do IEFP num verdadeiro “centro de desemprego”.
Será um problema de conjuntura, do sistema, ou de pessoas? Por ventura um bocado de tudo!
HdA

2006-05-14

(EX)CITAÇÕES – Citações que excitam qualquer um, particularmente a mim [2]

Afonso Henriques pede para lhe mudarem o registo para Paços de Ferreira
Nuno A Jerónimo/INIMIGO PÚBLICO, 12-05-2006

Afonso Henriques sentiu-se de tal forma envergonhado com a descida do Vitória de Guimarães para a Liga de Honra que pediu aos seus familiares e amigos para lhe transferirem a certidão de nascimento da cidade-berço para Barcelos, Paços de Ferreira ou mesmo Figueira da Foz, localidades com clubes que se mantiveram na Liga principal. "São terrinhas agradáveis", disse o antigo Rei português. "Enquanto em Guimarães, sem um clube na Liga, não sobra nada a não ser um castelo medieval e um novo 'Maio de 68' nas ruas, Barcelos tem um galo famoso no mundo inteiro, Paços de Ferreira é a capital da escrivaninha e a Figueira, se já aguentou quatro anos de Santana Lopes, é capaz de suportar qualquer outro precalço histórico", acrescentou o monarca.

À moda de Braga!


CONSTRUÇÃO DE DUAS TORRES DE APARTA- MENTOS NESTE APRAZÍVEL LOCAL (“Língua” de terreno entre a via rápida Braga/Vila Verde e a EN101, junto à Torrefacção Bracarense/Volvo): Ouvi dizer (Presidente CMB) que “daí lavo as minhas mãos, o mercado que seleccione…”.
Mais palavras para quê? É um 'artista' português, à moda de Braga.
HdA


2006-05-13

Liiiiiiindo...de morrer!

EDIFÍCIO PÓS-MODERNO (Rua Conselheiro Januário-frente ao ‘Sá de Miranda’-antigas (e futuras?!) instalações da Doçaria S. Vicente): Não quero dizer que o Arquitecto mereça um prémio (qual Souto Moura), mas quem autorizou o projecto merecia…quanto mais não fosse pela garantia de enquadramento paisagístico!
HdA

2006-05-05

OS MEUS DEPUTADOS SÃO PIORES QUE OS TEUS?

São! E explico porquê!!!
O recente escândalo mediático (porque “só” agora os media resolveram dar-lhe esta dimensão, já que a situação não é virgem…) das faltas dos deputados, não se restringe à véspera da Páscoa, é sim um acumular de faltas muito significativo de muitos deputados.
Quando refiro “os meus deputados”, podia estar a referir-me aos portugueses relativamente a outros de qualquer país europeu (se calhar a mesma retórica até servia), mas não, refiro-me aos eleitos por Braga (bem diferente dos “de Braga”).
Quando falamos em descrédito da classe política e dos deputados em particular, não é novidade nenhuma a opinião que o ‘zé povinho’ tem sobre os mesmos. Bem mais complicado se torna, sabendo todos nós que apesar do dito escândalo, ainda tentam justificar o injustificável – apetece-me mesmo pedir a alguns deles que ‘expliquem lá outra vez, como se eu fosse muito burro’…

Não sou nenhum fundamentalista que não perceba que, por exemplo, os lideres partidários, presidentes de comissões ou alguns deputados especialmente mandatados pelo próprio parlamento, para estarem em sua representação algures no país ou no estrangeiro, estejam entre os ditos faltosos, que acabam por o não ser.
Não posso é aceitar que um deputado vá à Assembleia marcar o ponto e desapareça do plenário. Não posso aceitar que o Senhor Presidente da Assembleia (Jaime Gama) venha depois dizer que esses deputados vão ser chamados a justificar a falta senão… Mas que falta? Na minha empresa e na empresa onde qualquer cidadão preste serviço, um acto destes é passível de processo disciplinar. Não se trata de uma vulgar falta, justificável ou não, trata-se de um acto de indisciplina ou mesmo fraude tentar enganar quem lhe paga, fazendo de conta que está ao serviço! Porque é que não têm que marcar o ponto à saída? Não convém… a nenhum!

Bom mas isso aconteceu com quase todos os que faltaram. Então porque é que “os meus” são piores?
Porque não têm categoria, iniciativa, honestidade (pelo menos) política e nalguns casos vergonha. Por exemplo, o recordista – um tal Virgílio Costa – eleito por Braga, a propósito da sua situação ainda teve a distinta ‘lata’ de vir para os jornais (24H) dizer que faltou “porque tinha coisas mais interessantes para fazer”. Mas afinal o que é que este homem está lá a fazer se “aquilo” não tem interesse nenhum (se calhar só tem interesse para ter a ‘capa’ protectora de deputado, face à lei…)? E quem diz este, diz outros, eleitos por Braga, como António José Seguro, Nuno Sá, Ricardo Gonçalves, Jorge Pereira e Jorge Varanda que até à data ainda não fizeram mais nada do que ouvir e ver os outros trabalhar (faço fé no recente estudo da Visão). Parece que lhes deu o sindroma da mudez. Mas há outras curiosidades – como é que alguém pode estar concentrado e disponível para o trabalho parlamentar se vai e vem todos os dias do distrito para Lisboa? O estado (nós!) não lhe paga o suficiente para ficar alojado na capital duas ou três noites? Sim, porque fiquei a saber recentemente que há sempre uns artifícios regimentais que transformam a semana de trabalho do deputado em três dias.
Era bom que todos soubéssemos estes e outros pormenores para melhor compreendermos os senhores deputados e o seu trabalho.

Não admira que alguns eleitores mais notáveis do distrito já tenham vindo defender a exclusão destes deputados em próximas eleições. Mas quem tem que os excluir são os próprios eleitores, que não podem ter memória curta e devem ter “direito de veto” em próximos actos eleitorais legislativos. Eu não me esqueço!
HdA

(EX)CITAÇÕES – Citações que excitam qualquer um, particularmente a mim!

Quando o poder (paternal) cai no meio da rua
Rui Moreira/DM, 02-05-2006


Eu moro mesmo no meio da rua
P’ra mim a vida é dura
Mas meu tecto tem estrelas
E no alto um disco voador
[‘No meio da rua’ dos Kid Abelha]

Pai que é pai não deixa um filho no meio da rua. Por um filho damos a pele, viramos feras, fazemos o inimaginável. Diria Louça que eu não posso saber se é verdade o que afirmo porque não sou pai, mas permita-me que o sinta porque sou filho.
O sonho de qualquer pai é ver os seus filhos bem na vida. No entanto, por mais fortes que sejam os laços de afectividade ou de sangue, ninguém gosta de alimentar a ociosidade ou, como diria um grande amigo meu, por maior e mais generoso que seja um coração de pai “não há pão quente para malucos”. Nós, os filhos, temos que nos convencer que, por mais que custe, há um momento na nossa existência em que temos de ir à luta, soltar as amarras, fazermo-nos à estrada, ser o orgulho dos nossos papás.
Imagino que seja orgulho, precisamente, o que sentem os familiares daqueles jovens que inventaram o Google, ou dos que dão grandes pontapés na bola ou, por exemplo, dos papás, titis e vovós daqueloutros que, num rasgo de genialidade, intuição, capacidade de risco e espírito empreendedor procuram no mercado novos mercados e se lançam, no tempo certo e no momento oportuno, à sua sorte. Que terá pensado o pai do homem que fundou a primeira fábrica de palitos? De que tamanho seria a vaidade da mãe do inventor do post-it?
Pois aconteceu, recentemente, uma história dessas em Braga. Gostava de ter tido o momento de inspiração dos jovens que olharam para Braga e decidiram lançar-se no maravilhoso mundo das placas toponímicas. Repare, caro leitor, no sentido do timing, na excelência da visão empresarial, na qualidade da análise de mercado. Reflictamos em particular sobre a capacidade de antecipar as necessidades de mercado destes magníficos empresários, que não podiam sequer sonhar que ia haver concurso público daí a uns meses, mas que souberam observar a realidade circundante e assumir o risco. E verifiquemos, depois, o seu labor meticuloso que incluía a leitura atenta dos classificados do Primeiro de Janeiro e, quem sabe até, do Coffee News e das Dicas do Lidl. A verdade é que ao cabo de tanto e tão longo porfio, estavam agora perto de vencer – eram os únicos concorrentes – um concurso público municipal com vista à colocação de placas toponímicas contendo informação comercial. Abençoado concurso que mais parecia um “fato feito à medida”.
Acontece que o Presidente da autarquia que havia lançado o concurso era pai de um dos jovens, e uma vereadora era tia do outro. A oposição exigiu transparência e o concurso foi anulado e terá agora que ser repetido. Não é esse, no entanto, o meu ponto.
O meu ponto é precisamente a imagem de uma cara de pai babado, espantado e surpreso. “O meu bebé, quem diria” – terá pensado o ilustríssimo edil, ainda incrédulo. E a titi, quase encabulada, a jurar a pés juntos o desconhecimento da novidade. Apesar do embaraço político da situação, provocado por “falta de comunicação familiar” ou manifestação primeira de independência e liberdade empresarial dos referidos jovens, imagino uma vaidade demasiado grande para poder ser escondida: “Olha se eu sabia lá quem eram os senhores. Ele há coisas que, contadas, ninguém acredita…”. Um pai vive uma vida à espera de um momento destes.
É por isso que, neste momento particular de crise, em que tantos jovens encaram o futuro com tanta incerteza e preocupação, era bonito que todos nós, filhos de Braga, pudéssemos oferecer a nossos pais, familiartes e amigos, tamanha surpresa. Nem que para isso um certo poder, bastante paternal, tivesse que cair no meio da rua.
P.S. - Moral da história: cada vez mais, temos oposição em Braga.